A gente não está preparade para o furacão que é essa artista! Diretamente de Mossoró, Larissa Kedma Galvão da Silva, a Lari MC, transformou a sua poesia em pódio e a sua arte em país. Através das palavras, a poetisa e escritora de 27 anos ultrapassou as fronteiras da cidade e até do Estado. Etapa por etapa, ela conquistou o número um na fase estadual da principal competição de Slam. E agora, vai representar o Rio Grande do Norte, entre os dias 6 e 11 de dezembro de 2022, na maior competição de SLAM do Brasil. E ela é nossa. Ela é mossoroense.
Lari MC é artista, mãe, mulher, periférica, potência no cenário do hip-hop e do slam da cidade. A possibilidade dela competir no Slam BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, que acontece no Rio de Janeiro/RJ, começou ainda aqui, em Mossoró. Teve a edição municipal, quando ela e o artista Cumpadi Caboco, nome também conhecido na cidade, passaram de fase. Daí, veio o estadual, que aconteceu no dia 04 de novembro de 2022, e, para deixar marcado na história, quem ganhou foi uma mulher, mossoroense, arretada da gema.
A representante do RN no nacional traz nas suas poesias, temas como o racismo, corrupção, violência doméstica, feminismo e muitos outros necessários e urgentes neste mundo. São verdadeiros gritos de protesto e resistência diante de uma sociedade que julga a arte da poesia falada como marginal e dotada de preconceitos. O que o mundo não sabe é que o Slam é poder de transformação; é cura de alma; é futuro.
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O Reticências Culturais não podia deixar de conversar com a nossa campeã. Em entrevista à plataforma, Lari MC respondeu como surgiu o Slam na sua vida, como estão as expectativas para a competição nacional e quais são os seus desejos para a arte na cidade, uma vez que ela é algo de preconceito e desvalorização. Vem ver a entrevista na íntegra!
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ENTREVISTA:
(Luiza Gurgel): Larissa, como começou a sua relação com a arte?
(Lari MC): Desde pequena, minha avó me influenciou muito, líamos cordéis juntas.
(LG): E o Slam, como é que vocês se encontraram? E há quanto tempo andam juntes?
(Lari MC): O Slam eu conheci em 2019, ganhei algumas competições e participei de lives, porque já veio a pandemia.
(LG): Me conta um pouco da sua trajetória com o Slam daí para frente? O que vocês já conquistaram por aí?
(Lari MC): Bom, em 2020, eu comecei como organizadora do Slam Mossoró e do Slam RN, participei de um projeto chamado Barras Maning Arretadas, participei de Slams fora do estado (aproveitando a abertura que o online deu), como Slam Viral, Slam da Guilhermina (SP), Slam do Grajaú (SP), e esse ano desisti de ser organizadora para competir.
(LG): Todo mundo pode fazer Slam? O que você acha que precisa ter para dominar essa arte?
(Lari MC): Sim. Na minha opinião, sim, com muito esforço, e amor pelo que faz, tem que gostar de ler bastante, e ter noção do que está a sua volta. Quanto mais sincero, e falar da sua realidade, mais chances de tocar os jurados.
(LG): O Slam surge a partir de gritos de resistência, misturando ali a literatura e a música, mas sobretudo, a poesia. Eu queria saber de ti: como você vê que o mundo e as pessoas enxergam o Slam?
(Lari MC): O Slam é uma poesia marginal, de pessoas que estão à margem da sociedade, e muitas vezes não são vistas. Quando trazemos a revolução como as armas que são as palavras, choca muitos [daqueles] que nos veem como bandidos, e isso transforma.
(LG): O que você acredita que falta para que o Slam seja valorizado como deve ser? (Seja pelas pessoas, mundo, poder público, o que for)
(Lari MC): Falta uma atenção maior da mídia e dos políticos, e empresas. O Slam precisa de patrocínio e divulgação.
(LG): Como você se sente quando está ali no palco, recitando?
(Lari MC): Me sinto como se eu estivesse lavando minha alma, eu falo o que sinto, e vejo que tenho apoio de quem me assiste, me sinto viva.
(LG): E vem cá, vamos falar agora sobre a competição! Menina, como foi que isso aconteceu?
(Lari MC): Bem, primeiro teve a competição em Mossoró, eu e meu amigo Cumpadi Caboco passamos, eu em 1° e ele em 2°. Fomos para Natal, a organização cuidou do transporte e alimentação. Cheguei lá, conheci artistas maravilhosos, e fui passando confiança, aumentando, até que cheguei na final e ganhei. 😊
(LG): Como você ficou sabendo que ia ter essa competição e que poderia chegar à nacional?
(Lari MC): Bom, eu não sabia, pois minha mãe tinha falecido recentemente, e eu tenho transtorno bipolar, entrei em depressão e me internei. Quando saí na terça feira, descobri que a competição era na sexta, e na sexta descobri que valia vaga pro estadual e depois o nacional. Foi tudo muito rápido.
(LG): E agora, você chegou à nacional!!! Como estão os preparativos?
(Lari MC): Muito nervosa, tento não pensar muito, mas eu só tenho a agradecer a Deus, ele sabe de tudo! Ansiosa? Mar minina, demais!!!
(LG): O mundo está preparado para o Slam?
(Lari MC): O Slam é necessário para o mundo. A pergunta é: “o Slam BR está preparado para Lari MC”? Fica o questionamento.
(LG): O Slam tem poder de cura?
(Lari MC): Sim. Eu sou a prova viva.
O Slam BR acontece no Rio de Janeiro/RJ, entre os dias 6 e 9 de dezembro de 2022, e a Copa América, entre 9 e 11 do mesmo mês. Enquanto Lari MC não volta, a gente torce, e muito, vibrando e fortalecendo o orgulho dessa grande artista.
Que a sua arte seja direção e que as suas palavras transformem o mundo. O Reticências Culturais está muito feliz pela conquista da mossoroense. E quando ela voltar, a gente senta para saber como foi viver essa magia.
Boa sorteee!
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