Demorei um pouco para começar a escrever essas palavras. Nesse caso, numa tentativa de maturar o tanto que esse artista tem a oferecer para o mundo. Talvez buscando compreender a profunda imensidão na qual Ele está submerso. 

No seu caso, a questão de ser ou não ser não acontece… porque, com ele, o “ser” não é uma questão de escolha. Ele já nasce sendo. ARTISTA. O não ser soaria como o não precisar de oxigênio para respirar ou trocar o sangue por água para bombear o coração: impossível. Assim como o ar e o sangue, a arte também tem a sua vitalidade, e acredito que para o nosso artista sempre teve, só demorou um pouco para essa ficha cair – capaz de ainda estar percorrendo esse caminho. 

Falo de GLEISON, grande artista mossoroense que ainda se descobre como tal. Ser humano que deixa pegadas da sua sensibilidade fincadas na sua arte (ainda desconhecida para muitos, mas que a partir de hoje vão passar a conhecer). Esta é a primeira vez que Gleison se permite expor livremente sua arte, despido de amarras e dotado de entrega… e ele escolheu o blog Reticências Culturais para tal. Uma arte como a dela não poderia se desbotar apenas num papel; tinha que ser diante dos nossos olhos para que na medida em que fosse perdendo a cor na folha, preenchesse de arte os nossos corações. 

#paracegover: A foto está em preto e branco. Gleison está com o cabelo ralo, óculos de grau com bordas pretas, barba e um bigode estilo mustache. Ele veste uma camiseta e calça pretas neutras, e está com a sua mãe esquerda sobre o ombro direito e o braço direito apoiado nas pernas. FOTOGRAFIA: acervo pessoal.

Vivendo seus lindos 26 anos, Gleison não restringe a sua personalidade e maturidade aos limites do tempo, se permitindo ir de criança que ama bolo de aniversário, como ele mesmo diz, até um senhor rabugento de 70 anos. Mas um detalhe não muda: o seu jeito de olhar o lado de fora. Sobre quem ele é? “Eu mesmo ainda não descobri. Todos os dias um ser: ser amigo, ser gentil, sendo crítico, tentando ser, ser alguma coisa, às vezes, nada”. Mas sendo na sua plenitude um artista em reconhecimento individual. 

Foi aos 2 anos de idade quando ele fez a sua primeira pintura, sendo não só o contato inicial memorável com a arte, mas também de toda a sua vida. Era a arte dando os seus primeiros sinais de permanência. Hoje, ela está presente em diversos instantes da vida de Gleison, traduzindo-os pelo seu olhar. “Quem é Gleison quando está desenhando?”, pergunto. Ele responde: “todos e ninguém, são histórias escutadas, são suas percepções de mundo, suas teorias, suas convicções, seus medos, suas angústias, seus anseios.. ele é sua mãe, seu pai, sua irmã, seu amigo, seu vizinho, sua prima, a pessoa que viu na rua e nem sabe o nome”. Sem a arte, Gleison não existe, ou, como ele mesmo diz, até existe, mas é difícil de encontrar. Ele empresta seu corpo para uma outra versão de si. 

Entre as maiores inspirações, a música, o desconhecimento, a fotografia, Yayoi Kusama, Marina Abramović, Ton Zaranza, a pluriversalidade da existência humana e tudo mais que lhe traga a fruição, como ele mesmo diz, desde o simples encontrar de uma pedra no meio da rua. A partir disso, a mágica das suas obras acontece, misturando sentimentos que não somos capazes de distinguir. Provocativa, interpretativa, protestativa, instigante são algumas das características que permeiam a arte de Gleison. 

“Minha arte? Acho que ela não é mais minha quanto termino, tornou-se do mundo, dos olhos de quem vê. Às vezes, desenho/pinto alguma coisa, e quando outra pessoa analisa, ela enxerga o que ela vê, não o que eu vejo. Essa é uma das maravilhas que a arte proporciona”. Gleison, artista visual.

#paracegover: A foto está em preto e branco. Gleison está com o cabelo ralo, óculos de grau com bordas pretas, barba e um bigode estilo mustache. Ele veste uma camiseta e calça pretas neutras, e está com a sua mão esquerda segurando parte da camiseta que cobre o ombro esquerdo, e a mão direita bem próxima, como se fosse pegar a câmera. FOTOGRAFIA: acervo pessoal.

A convite do blog Reticências Culturais, Gleison elaborou do zero a exposição Quando o Coração Para de Bater. Ela é “uma junção de desenhos de momentos diferentes da vida; uma mistura de vários sentimentos postos à mesa e expostos para documentar o que não é falado”. A exposição que abrange desenho, fotografia, literatura e performance une diversas palavras que percorrem a nossa mente em situações de baixa autoestima e desamor, escancarando a vulnerabilidade que existe em cada umx de nós. 

O hedonismo e o erotismo são peculiaridades que deixam a exposição ainda mais única, além, claro, de cada elemento das obras – a bebida, o cenário, as cores, os talheres -, que completam o círculo como um quebra-cabeça. 

Como e onde Gleison estará amanhã, isso a gente não sabe, nem mesmo ele procura enxergar. Mas acredito que o amanhã já começou e este é o ponto de partida em busca de nada mais nada mal que arte. A arte própria. O eu-artista. O eu para os outros. O eu para si. 

“Onde a vida vai desembocar daqui a 10 anos eu não sei, só seu que prefiro ir. Só sei que eu quero continuar indo”.
Gleison, artista visual.

Agora, vocês já sabem um pouco desse novo artista que se aventura pelo (re)conhecimento. Gleison sai do casulo e deixa que o vento guie o seu voo. Aproveitem a exposição do mês de outubro do Blog Reticências Culturais, Quando o Coração Para de Bater, e se desfrutem do mais bela dessa vida: a arte. 

QUANDO O CORAÇÃO PARA DE BATER

Parte 1 – PRIMEIRA DOSE

Parte 2 – FUNDO DO COPO

Parte 3 – O COMA

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2 responder à ““Minha arte? Acho que ela não é mais minha quando termina, torna-se do mundo”: conheçam o artista GLEISON”

  • Goretti Alves
    outubro 2, 2021 no 6:28 pm

    Belo artigo ! PARABÉNS ao artista Gleison

  • dezembro 1, 2021 no 8:05 am

    Trabalho incrível e autêntico. Muito sucesso Gleison, quero muito poder ir a uma exposição no futuro. Parabéns!

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