Saber a história do seu lugar é conhecer, também, as suas origens; é desbravar caminhos que perpassam as suas próprias escolhas e roteiros de vida. E se essas estradas envolvem a arte de/em um território, o autoconhecimento torna-se ainda mais profundo e legítimo. Conhecendo a história de algo, descobrindo os primeiros passos, acabamos entendendo outros aspectos nem sempre são contados dessa narrativa. Quem iniciou? O que foi feito para tal? O que deixaram de fazer? De que forma a sociedade integrou-se no balanço? Que semente plantada no ontem que é, portanto, colhida no agora? Nesse intermédio do tempo, nascimentos e diásporas daqueles e daquelas pertencentes à luta e ao movimento.

No Hip-Hop, as origens vem de bem longe. Essa cultura, que mescla entre o RAP, o DJ, o breakdance e o graffiti, surge entre as décadas de 1970, no Bronx, bairro periférico de Nova Iorque, Estados Unidos, com a união de norte-americanos principalmente pretos e latinos. Foi só nos anos de 1980, que o movimento chegou ao Brasil, inicialmente, em São Paulo. Mas a pergunta é: “e quando o Hip-Hop chegou a Mossoró?”. Foi baseado nesse questionamento cerceado pela curiosidade, revestida pela necessidade, de conhecer os primeiros traços da cultura respingada em si, que o rapper Cumpadi Caboco decidiu produzir um documentário sobre a história do Hip-Hop na sua cidade, Mossoró/RN.

E nesta quinta-feira (21), ele estreia a obra “O Hip-Hop Que Brota no Sertão de Mossoró”, filme documental que promete desvirar essa carta do baralho, que é este território.

#paracegover: cartaz oficial. De fundo, há duas carnaúbas. Na parte superior, o nome de Cumpadi Caboco, na idealização, e Edu Bandeira, no roteiro e direção; no centro, o título “Documentário O Hip Hp Que Brota no Sertão de Mossoró”; e na parte inferior, os apoios e realização.

O doc. surge com o incentivo da Lei Aldir Blanc Municipal 2020, e alguns apoios, como a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Caboco traz a ideia, faz a pesquisa e conta com a parceria do produtor audiovisual Edu Bandeira, com quem realizou outros trabalhos culturais.

De acordo com estudos e análises feitas pelo idealizador, o movimento do Hip-Hop em Mossoró começou ainda na década de 80, quando pincelava também em outros cantos do Brasil. Desde aquela época, com olhar marginalizado pela sociedade e, sobretudo, pelo poder público, o que carece de políticas públicas e respeito, tal como esta cultura merece. Realidade enfrentada até hoje. 

“Nossa cidade ainda não conta com nenhuma estrutura para o desenvolvimento dessa arte, seja um espaço, um evento ou qualquer tipo de amparo aos cidadãos que se identificam com essa cultura”.
Cumpadi Caboco, idealizador do documentário.

As pesquisas que deram luz à obra “O Hip-Hop Que Brota no Sertão de Mossoró” revelam narrativas que perfuram o tempo e as gerações, elencando as dificuldades e os prazeres em desenvolver essa cultura no interior do interior do nordeste brasileiro. Através dele, é possível entender de que forma o regionalismo e a cultura popular presente nas origens de quem é potiguar, como o repente, a embolada e o cordel, se misturam com o Hip-Hop. 

O documentário escancara o preconceito que essa cultura, que nasce nas periferias, sofre no decorrer de toda essa história. Com isso, convida o público a estabelecer um pensamento crítico acerca do assunto, e ainda propõe a arte como solução potencializadora de transformação social. 

Por ter sido criado na e para a periferia, o Hip-Hop é salvação e cura para muita gente, sobretudo, os jovens, que, com a cultura, enxergam outras possibilidades de vida. Assim, passam a se identificar e se representar por aquela linguagem. Isso garante a perpetuidade do Hip-Hop como instrumento de comunicação social e de mudança no futuro dos nossos jovens. A arte tem esse poder, não é mesmo?

“Estamos diante de um importante documento da cultura potiguar”.
Cumpadi Caboco, idealizador do documentário.

Sim, Caboco, estamos. E que o documentário “O Hip-Hop Que Brota no Sertão de Mossoró” possa colher muitas e muitas flores no futuro, onde os artistas de hoje tornem-se sementes para o amanhã, possibilitando que o legado que estes constroem no agora seja ponte para o reconhecimento de uma identidade cada vez mais consolidada e valorizada. 

O documentário tem acessibilidade, através de legendas em português e inglês, além de tradução em libras. O lançamento acontece nesta quinta-feira (21), no Espaço Cultural No Meio do Mundo, a partir das 19h. Na ocasião, ainda haverá apresentações de DJ, Rap, intervenções de dança de rua e graffiti.

TRAILER

#paracegover: trailer oficial com link no YouTube.

A quem não conseguir comparecer na estreia, vamos aguardar a exibição de mais datas do documentário.

FICHA TÉCNICA

Imagens e Edição: Edu Bandeira  e Cumpadi Caboco
Roteiro e Direção: Edu Bandeira
Produção da Abertura: Cumpadi Caboco
Trilha Sonora e Edição de Áudio: Cumpadi Caboco
Entrevistas: Cabocla de Jurema, Cicin do Rap, Comedor De Camarão, Gheryksom Veloso, DGois, Flay alves, Marcelo Amarelo, Marcos Antonio,Welder Pipoka, Wendel Ricardo e Altemar Wotson.
Legendas em Português: Edu Bandeira
Legendas em Inglês: Pepeu Savant
Condução das Entrevistas: Cumpadi Caboco
Intérpretes de Libras: Leandra Santos e Vanessa Leão
Imagens Sinalização em Libras: Cícero Pascoal e André Carvalho
Apoio: DAIN-UERN, PROEX-UERN e UERNTV

SERVIÇO:

O que é: Estreia do documentário “O Hip-Hop Que Brota no Sertão de Mossoró”;
Onde: Espaço Cultural no Meio do Mundo (Rua Maria Nunes da Silva, 125, em frente ao conjunto Parque Verde);
Quando: esta quinta-feira (21/07/2022);
Horário: 19h.

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