Como a capital da cultura que ela é, não é de hoje que a arte do cinema se faz presente por aqui. Mossoró já flerta com a sétima arte desde o início do século XX, quando ainda em 1908, surgia a primeira casa de filmes da cidade: o cine-teatro Almeida Castro. Época em que o que se entende por trilha sonora hoje não passava de alguém tocando ao vivo e a cores o que as imagens representavam. 

Depois, vieram outros, como o Cine Glória, o Cine Caiçara, o Cine Centenário, o Cine Ferreira Chaves, o Cine Rivoli, o Cine Cid, o Cinema dos Ferroviários, o Cine Imperial, o Cine Jandaia, Cine Déa, Cine Guarani, São José, outros e, claro, o conhecido Cine Pax. É, minha gente, para nós que temos – pelo menos neste tempo, chamado 2021 – apenas um lugar para chamar de “cinema”, é até difícil de acreditar que já existiram quase 15 salas em Mossoró.

Entre apogeus e declínios vividos em mais de um século, a capital da cultura potiguar vem se descobrindo possível no cenário do cinema. A passos lentos, mas cada qual com sua devida relevância para o futuro. E assim, consolidando possibilidades de existência quando o assunto é audiovisual. 

Uma dessas possibilidades começou: é o FACIM – Festival Alternativo de Cinema de Mossoró.

#paracegover: logo oficial do FACIM. Ela contem uma câmera com uma carnaúba em cima, com o nome FACIM embaixo e o “Festival Alternativo de Cinema de Mossoró.

Ele não é o primeiro Festival da cidade da história – até porque todos aqueles que vieram antes de nós precisaram acontecer para que pudéssemos perpetuar essa cultura -, contudo, seja talvez o primeiro nesse formato: presencial, gratuito e itinerante. E como ele vai acontecer neste mês de novembro, o Reticências Culturais resolveu homenageá-lo fazendo a playlist do mês especial FACIM.

O Festival Alternativo de Cinema de Mossoró surgiu da vontade de um ator, diretor e produtor audiovisual conterrâneo de fazer cinema na cidade. Plínio Sá já tem os pés no audiovisual desde quando decidiu se envolver com a arte. No caminhar dessa correnteza, o aperfeiçoamento foi dando vida a não só um grande cineasta, mas também um incentivador de novas produções. 

“Surgiu no desejo de reavivar o cenário do cinema mossoroense. A ideia sempre foi promover a exibição de obras fílmicas concebidas por produtoras e produtores de audiovisual amadores e profissionais, no âmbito municipal principalmente, estadual, nacional e quem sabe, até internacional”.
Plínio Sá, idealizador do FACIM.

O Festival Alternativo de Cinema de Mossoró não tem esse nome à toa. Acontecendo de forma itinerante, visitando bairros, levando cinema para as praças públicas desta cidade, o FACIM sustenta-se no jeito “alternativo” de ser, oferecendo possibilidades, ampliando o leque de escolhas de filmes e de espaços, mostrando que pode estar em todos os lugares sem sair de Mossoró, como ele mesmo diz em uma de suas postagens: “que desconstrói, subverte e segue livre”.

Uma das particularidades do FACIM é o resgate histórico que ele faz em toda a sua estrutura. Ele é constituído por 6 categorias de seleção de filmes. Todas rememorando cinemas antigos da cidade, como o Cine Cid (categoria competitiva para filmes de ficção), o Cine Imperial (categoria competitiva para a produção de documentários), o Cine Rivoli (competitiva para videoclipes), o Cine Pax (não-competitiva livre), o Cine Caiçara (competitiva livre), e por último e não menos importante, o Cine Centenário (categoria destinada à produção mossoroense).

A primeira edição do FACIM era para ter sido ainda em 2020, quando ele já estava caminhando para a sua execução no mês de abril. Todavia, a pandemia da COVID-19 acabou atrapalhando o Festival de acontecer. Nesse gostinho inicial, no ano passado, do que seria o Festival Alternativo de Cinema de Mossoró, cerca de 500 filmes ainda chegaram a se inscrever, vindos de quase todos os estados brasileiros, como Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo, Bahia, Paraíba, Paraná, Ceará, Rio Grande do Norte, Pará, Roraima, entre outros.

Em 2020, uma prévia ainda chegou a acontecer, mas logo o Festival teve que ser cancelado. Confira como foi abaixo:

Com a imprevisibilidade do adiamento, em respeito a todes es produtores e produtoras de audiovisual que se inscreveram antes da pandemia, para 2021, decidiu-se manter esses nomes, dando a eles e elas a verdadeira chance de participar da seleção do FACIM. Agora, com inserção de mais uma categoria específica para realizadorxs de Mossoró, mostrando que tem sim pessoas que fazem cinema na cidade e estimulando novas produções. Isso aconteceu após a aprovação do Festival na Lei Aldir Blanc – política pública de incentivo à cultura nacional.

Nesse pouco mais de um ano de espera (de 2020 a 2021), o FACIM foi se consolidando como um dos grandes eventos de cinema do Rio Grande do Norte mesmo antes de acontecer. Isso fez com que o respaldo e o respeito para com ele se expandissem, e hoje, finalmente, o Festival está sendo possível com o alicerce de braços de pessoas fundamentais para tal.

“Esse momento que o Brasil vive faz com que utilizemos esse Festival para expor os nossos anseios, o valor da democracia, o respeito, a luta pelo meio ambiente, a justiça social, a valorização do artista brasileiro e a nossa cultura. Acredito que essa receita torna o sabor do FACIM único”.
Plínio Sá, idealizador do FACIM.

O Festival Alternativo de Cinema de Mossoró vai acontecer da seguinte maneira: nos dias 06, 09 e 13 de novembro, serão realizadas prévias em praças públicas da cidade, ao ar livre. A primeira delas, neste sábado (06), será na Praça de Esportes, Av. Rio Branco, das 18h às 20h. A prévia do dia 09 (terça-feira) será na Praça do Portal do Saber (Baixinha), no bairro Abolição; e a última prévia, no dia 13 (sábado), será no Largo da Igreja São Francisco, Av. Abel Coelho, Abolição III. Uma observação importante é que em todas as prévias já serão exibidos os filmes selecionados das categorias Cine Cid, Cine Caiçara, Cine Rivoli, Cine Pax e Cine Imperial. Está imaginando aí como vai ser bom?

Paralelo às prévias, nos dias 06 e 13 de novembro também acontecem oficinas gratuitas e, claro, voltadas para a produção audiovisual. Entre as vivências, “Roteiro Audiovisual”, com o jornalista Danilo Queiroz; “Produção de Filmes com Celular”, com o videomaker Fernando Nícolas; “Produção de Documentário”, com a documentarista Elli Cafrê; “A Força de uma Grande História – traço, narrativa e personagem no documentário”, com o jornalista e professor Esdras Marchezan. Todas na sede da Cia. Pão Doce.

FESTIVAL ALTERNATIVO DE CINEMA DE MOSSORÓ

As noites do Festival acontecem em 20 e 21 de novembro, das 17:30h às 22h. Nesses dias, os filmes que serão exibidos são os selecionados da Mostra Cine Centenário, ou seja, de produtorxs mossoroenses. Essa etapa de pré-seleção será realizada pela equipe do próprio FACIM, mas quem irá definir o grande vencedor ou vencedora da categoria será a Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCIRN), que sairá da noite com um prêmio de R$1.000,00 reais (mil reais). 

Os nomes dxs vencedorxs das outras mostras competitivas também serão revelados no último dia do evento (21), e cada umx ganhará como premiação uma obra de arte de algum artista plástico de Mossoró. Os nomes vencedores serão definidos pela equipe julgadora do próprio FACIM. 

Nessas datas, ainda serão realizadas rodas de conversa com realizadoras e realizadores audiovisuais da cidade, abrindo as noites do Festival. Nomes como Evelyn Freitas, Wigna Ribeiro, Lígia Kiss, Madson Ney, além dos nomes que ministraram as oficinas, como Esdras Marchezan, estarão presentes nos bate-papos.

#paracegover: foto tirada antes da pandemia. Da direita para a esquerda em pé, estão Danielle Brito, Júnia Martins, Plínio Sá, Leo da Bodega; abaixados, estão Artur Marques e Esdras Marchezan. Todes posam para a foto. Elxs estão na Praça do Portal do Saber, no bairro Abolição. FOTOGRAFIA: desconhecido.

Já deu para entender um pouco mais do Festival Alternativo de Cinema de Mossoró, não é? Então agora bora curtir a playlist que o FACIM tem a nos oferecer! Com um repertório que vai desde Los Hermanos até Gilsons, de Tom Zé a Marina Sena, de Antônio Nóbrega a CoisaLuz, a playlis promete fazer com que o Festival saia dos espaços e chegue até a sua casa. Confira a playlist:

Sobre o Festival, ainda perguntei para Plínio Sá: “Já existem planos futuros para o FACIM?”. Ele respondeu:

“O FACIM pretende continuar com o projeto de vivências, workshops, exibições, debates, exposições e oficinas, a fim de estimular a produção de audiovisual aqui em Mossoró e logo estaremos lançando o FACIM 2022. Aguardem!”.
Plínio Sá, idealizador do FACIM. 

#paracegover: Plínio Sá de costas, com cabelo grande, camisa preta, mochila, apontando para frente. Ele está ao ar livre, com uma câmera e microfone, gravando na Praça da Convivência, Mossoró-RN. Muita planta ao redor. FOTOGRAFIA: frame de um vídeo.

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